sexta-feira, 14 de novembro de 2008


Pedi aos alunos para trazerem vendas. Os alunos trouxeram vendas. Pedi aos alunos para se vendarem uns aos outros. Os alunos assim fizeram. Retirei da minha pasta um livro e abrio-o na primeira página. Comecei a ler pausadamente cada linha em voz alta. Os alunos foram apagando os risinhos e começaram a sentir-se sós. Havia palavras estranhas, ruídos escolares e respirações de inverno. Dois parágrafos chegaram para o evento. Um aluno, que conhecia o rádio clube, sabia que o Saramago tinha estado lá, ontem, a falar e a ouvir os radialistas, de olhos bem fechados, a trabalhar no seu ofício de encantar apenas com os sons. Depois conversámos um pouco, apenas 6 minutos, sobre o que imaginamos quando não podemos ver um texto. E este ensaio, de tão visual que é o seu início, deixou-me a esperança que alguns dos meus alunos pudessem vir a ler este ou outro, assim, calmamente a ouvir e a imaginar o que os escritores têm para nos contar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens na tua posse este livro? podes emprestar-mo?
Jaime