sábado, 21 de junho de 2008

Desligar




Tempo de desligar! Obrigado a todos os que nos seguiram.

domingo, 15 de junho de 2008

Bibliografia recomendada para o jogo de logo à noite



Esperemos que a equipa suiça, tal como as histórias de Walser, se apresente desconexa, estilhaçada, despropositada, inusitada, fragmentada, inconsequente e absurda!

sexta-feira, 13 de junho de 2008


Ao Pessoa

Quando o Pessoa nasceu
O Cesário já tuberculava
O Baudelaire snifava
O Poe tinha insónias
O Antero delirava de dor
O Rimbaud se embriagava
e o Verlaine encarcerava
o Whitman se libertava
E o Ultimatum ameaçava
E Portugal se afrancesava
e procurava
ser republicano
e cada vez mais provinciano.

No próximo ano passam 121 anos sobre o seu nascimento, e mesmo que seja no dia de santo antónio, poucos darão pela sua presença inexorável.

E sempre esta religiosidade laica de homenagear os artistas que deixaram cedo
de festejar o dia de aniversário.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

o país segue dentro de momentos

o governo aconselha a escrita de poemas a duas mãos
o governo avisa que não pactuará com piquetes
contra a poesia
os poetas por conta própria estão a paralizar o país
polícias investem contra poetas que querem impedir
outros poetas de escrever
um poeta veio a falecer quando tentava escrever um
poema
senão for abastecido de livros o país poderá ficar sem
poemas já amanhã
poetas e versos já escasseiam na grande lisboa
reunião decisiva entre poetas e governo para decidir o
fim da paralização
nos piquetes poéticos os ânimos têm-se exaltado (o
que promete grandes versos futuros)
o país quase estagna devido ao aumento do livro de
poesia
o presidente da república não sabe ler o problema
à cautela já há quem compre cinco a seis livros de
poemas para o que der e vier
os poetas não admitem um preço do livro aqui e outro
acolá
os poetas reclamam o verso profissional
filas com três quilómetros à entrada das livrarias um
pouco de norte a sul do país

vale que o país se esquece
nos golos de deco e pepe
há quem admita recorrer à deco
há quem culpe a opep

Claridade

Fotografia Vencedora do 1.º Concurso Fotográfico Eng.º Nuno Mergulhão
Autor: Rafael, 5.º A

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Poemário

Caros amigos, escolhi para vocês este belo poema de Jorge Sousa Braga. Espero que gostem e aguardo os vossos comentários.

Portugal

Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse
oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de
África
só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo uma mentira
que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
àparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de
rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do
Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr uma pérola que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar estava no poder nada
de ressentimentos
um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca


terça-feira, 3 de junho de 2008

Livros na Cidade


Paris, Quais Malquais

Pensar com os pés



P. ¿Y por qué engancha el deporte a la gente?

David Trueba: Es que es de los pocos aspectos de la vida que concede la posibilidad de que el débil venza al poderoso. Por eso se engancha la gente. En la vida real es imposible: en la política, en la banca... El deporte concede esa pequeña ventanita de placer donde todos los débiles del mundo se alían o donde los débiles se hacen del poderoso porque les concede un domingo de poder. Luego termina el partido, cogen el metro y se vuelven al suburbio.

In "Babelia" da passada sexta-feira

a nova "Ler"

Saramago vs Lobo Antunes

«Vai ser preciso que eu morra para haver outro Nobel português.» Quem o afirma é José Saramago no novo número da revista «Ler». Frase, está de ver, à Nobel. Curioso, mais adiante, é que Saramago diz nada ter contra António Lobo Antunes, o outro escritor português eternamente tido como candidato ao galardão sueco e que, há coisa de meses, disse qualquer coisa como nenhum escritor português me chega aos calcanhares... Vê-se como se prezam.